vermelho, atleta do DF agarra camisa de aluno do CEAP |
“Seu limite é do tamanho do sonho que você carrega”. Com esse lema, Ronaldo Cunha,
técnico do CEAP de Macapá (AP), fundou o Projeto República dos Esportes, que visa á formação social de jovens de comunidades carentes por meio do esporte. Todos os atletas do time de handebol masculino do Amapá, que estão disputando as Olimpíadas Universitárias, em Campinas, foram descobertos nesta iniciativa.
- Comecei o projeto em 2000. Hoje já temos unidades na capital Macapá e nos estados do Pará, Maranhão, Fortaleza e Piauí. Estamos iniciando a implantação em Londrina, no Paraná. Atendemos cerca de 3.000 crianças e jovens e temos seis equipes de handebol jogando torneios regionais e nacionais em diversas categorias - conta Ronaldo, descendente de indígenas do Oiapoqui.
O técnico vem de uma tribo na divisão do Brasil com as Guianas e contou que a miséria e a criminalidade na região o motivaram a querer mudar a realidade. De acordo com ele, o esporte é um forte instrumento de inclusão social. Por meio do handebol, Ronaldo foi estudar na França. Agora, ele quer repassar a experiência através do projeto. A equipe de Macapá disputa o torneio estudantil pelo terceiro consecutivo e está a duas vitórias do título.
- O tempo em que vivi na França me ajudou a entender a importância da relação entre o esporte e os estudos. Viajei o Brasil todo em busca de jovens para participar do Projeto República dos Esportes, que oferece atividades como handebol, vôlei e basquete. Não gosto de pegar os jovens lapidados, mas sim os que apresentam problemas e têm a vontade de mudar. Levamos as crianças para pólos de treinamento em todo o país e fazemos a seleção.
O objetivo é formar cidadãos e trazer visibilidade aos jovens de baixa renda no país. A iniciativa conta com a parceria do CEAP, que oferece bolsas de estudo integrais aos participantes. Para continuar no Projeto República, é fundamental ter uma boa média na escola. Quem comanda as atividades com os novatos até 14 anos são os atletas do time da universidade da capital do Amapá.
Gabriel Oliveira, de Castanhal, cidade a 68 km de Belém do Pará, era problemático, sofria problemas com álcool e não conseguia se encontrar na vida. Prestes a completar 30 anos, ele ainda não havia se formado e só queria saber de boemia. Após conhecer Ronaldo em um torneio em Blumenau (SC), recebeu o convite para participar do projeto social em Macapá. O atleta de 27 anos não pensou duas vezes. Fez as malas e foi morar na capital do Amapá, onde se tornou jogador, professor e monitor do projeto social.
- Eu era agressivo, brigão, gostava de farra e não fazia treinamento. Fiquei surpreso quando o Roberto me convidou para participar do projeto. Percebi que estava perdendo o foco, sem um horizonte a buscar e vi que eu tinha talento no esporte. Resolvi estudar e ir para Macapá, onde eu iria ganhar uma bolsa de estudos de 100%.
O paraense irá se formar em educação física no ano que vem e já pensa em emendar duas especializações na área de educação. Seu maior sonho é levar a sua experiência a crianças de áreas de risco, além de desenvolver o projeto em Castanhal, sua terra natal.
Para o alagoano Thiago Moura, conhecido como “Parmalat” entre os amigos, o maior desafio para o esporte estudantil é a falta de incentivo, principalmente no Norte e Nordeste.
- Conheci o professor Ronaldo nas Olimpíadas Escolares em 2009, quando éramos adversários. Sentei um dia com ele, conheci o projeto e ele me fez o convite para participar, mas é difícil abandonar tudo. Vou passar uma temporada em Macapá e levar o projeto para Maceió.
Antes disso, a equipe de handebol do Amapá tem um compromisso: levantar a taça das Olimpíadas Universitárias. Mas, independentemente do resultado, eles já são campeões.
Globo Esporte
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