Mais de 200 parteiras tradicionais do Amapá foram homenageadas, nesta quinta-feira, 19, pelo governo do Estado, com uma programação que tem como tema: Parteiras Tradicionais do Amapá na Luta pela Humanização do Parto. A homenagem é para comemorar o Dia Internacional das Parteiras, que foi no dia 5 deste mês, quando muitas estavam em Brasília participando do Encontro Nacional de Parteiras.
O governador Camilo Capiberibe esteve no Centro de Convenções Azevedo Picanço, onde as parteiras foram as personagens principais de dois filmes exibidos durante o evento, e assunto da palestra e do debate feito por especialistas em saúde pública e neonatal.
Organizada pela Secretaria de Estado da Inclusão e Mobilização Social (SIMS), que desenvolve trabalhos diretamente com as parteiras, a programação foi pensada para estimular a troca de experiências entre as parteiras e profissionais da área de saúde e assistência social. Na maioria senhoras, elas participaram do debate e contribuíram com a discussão sobre parto natural assistido por parteiras.
A presidente da Rede de Parteiras do Amapá, Maria Luíza, aproveitou para falar sobre as condições em que elas trabalham atualmente. “Temos muitos problemas hoje, como a falta de alojamento e apoio quando precisamos vir para Macapá. Mas, temos certeza que nesse governo teremos de volta tudo o que foi tirado das parteiras nos últimos oito anos”, disse a presidente.
O governador Camilo Capiberibe garantiu que os programas voltados para as parteiras serão retomados, inclusive a distribuição de kits para as profissionais. Ele anunciou que a Casa do Parto será construída na zona Norte de Macapá, com recursos já previstos do BNDES e as Casas em Oiapoque e Jari serão melhoradas.
Atualmente, as parteiras dizem que as casas deixam a desejar. “As parteiras serão valorizadas, assim como o trabalho de parto natural feito na Maternidade Mãe Luzia. O trabalho que foi esquecido, e levou o Amapá a ser referência no Brasil pelo trabalho de parto humanizado, será retomado”, disse o governador.
Ele apresentou dados que mostram a redução da mortalidade infantil de 2010 para este ano. Diferente do que aconteceu ano passado, que colocou o Amapá em rede nacional com a notícia de morte de recém-nascidos na Maternidade, desde janeiro a redução foi de 22%.
De acordo com informações da presidente Maria Luíza, a Rede tem hoje três mil parteiras cadastradas em todo o Amapá, sendo que o maior número encontra-se em Oiapoque. São 820 que partejam na cidade, margens de rios e aldeias. Ela explica que o apoio do governo é importante para que mais crianças nasçam de parto natural.
“A profissão de parteira não corre o risco de acabar, principalmente na Amazônia. As mais velhas passam o conhecimento para as ‘doulas’, as jovens iniciantes que já estão aparando com eficiência os bebês. Mas, é preciso apoio e incentivo para que o trabalho, que é feito com muito amor, seja melhor”, disse Luíza.
No evento, as parteiras que participaram da capacitação para assistência ao recém-nascido receberam os certificados. Foram também entregues placas de honra ao mérito. Camilo entregou a placa para a parteira Raimunda Picanço, de 86 anos de idade, neta da Mãe Luzia, uma das primeiras parteiras de Macapá.
Mãe Luzia, que também era lavadeira, fez centenas de partos na capital do Estado e era conhecida por partejar seminua. Ela morreu aos 109 anos, em 1954, sendo chamada de “doutora”, e com remuneração da Intendência de Macapá.
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