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terça-feira, 24 de maio de 2011

Burocracia: recurso destinado às vítimas de enchentes ainda não está sendo usado

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Enquanto Laranjal do Jari vive a sua terceira pior enchente, a Defesa Civil Estadual ainda não gastou nenhum centavo do recurso federal – R$ 1 milhão – destinado exclusivamente às vítimas da cheia. Apesar da verba já estar depositada na conta do Governo do Estado, um moroso trâmite documental impede que a ajuda chegue aos desabrigados.

Entrevistado por a Gazeta, o chefe da Defesa Civil, Clésio Rodrigues, que é também tenente-coronel do Corpo de Bombeiros, não soube estipular um prazo para que o problema seja resolvido. “O dinheiro já está disponível, mas ainda falta resolver um processo de documento. No momento, ainda não tem prazo”, informou Rodrigues. Ele garantiu que o impasse não está relacionado com nenhuma situação de inadimplência do Estado.


Segundo Clésio, 1.500 cestas básicas, enviadas pelo Governo Federal, devem chegar até amanhã à Laranjal. A situação da cidade voltou a se agravar no final de semana, quando os bombeiros registraram a maior alta do Rio Jari este ano: 3,13 metros – a terceira maior da história do município.


De acordo com informações da Defesa Civil Estadual, o número de famílias desalojadas e desabrigadas chegou a 1015. Isso representa 3.597 pessoas atingidas. Foram improvisados 14 abrigos – em sedes de entidades públicas e particulares, e, principalmente, em escolas públicas, o que comprometeu o ano letivo mais uma vez.
A Rua Tancredo Neves – principal via da cidade – ficou submersa. A água que invadiu a cidade alcançou a distância que vai desde o muro de arrimo até o prédio onde antes funcionava a sede da prefeitura. Todo o Centro Comercial está alagado. O comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Américo Miranda, está no local. Ele informou que além do efetivo da 6ª Companhia de Laranjal do Jari, outros 42 militares foram deslocados da capital, Macapá, para auxiliar às vítimas.


Além de Laranjal do Jari, outros sete municípios já sofreram com enchentes este ano: Ferreira Gomes, Porto Grande, Pedra Branca, Cutias, Oiapoque, Serra do Navio e Calçoene. Miranda disse que os R$ 500 mil liberados pelo Governo do Estado para acudir as famílias já foram utilizados. Segundo ele, os gastos ocorreram com combustível, aluguéis de carros e barcos, compras de cestas básicas, colchões, água potável, entre outros.


Em 2011, a cidade de Laranjal sofre com as cheias do Rio Jari desde o dia 18 de março último. Foram registradas as mortes de duas crianças durante este período. A pior enchente enfrentada pelo município de Laranjal ocorreu em 2000, quando o nível do Rio Jari atingiu 3,84 metros. Naquele ano, mais de 1100 famílias tiveram que deixar suas casas.

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