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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Caso Willian Dickson: réus alegam que foram torturados para confessarem o crime

“Eu já ouvi várias vezes o delegado Hidelberto Carneiro dizer neste juízo que tortura mesmo, pois se não for assim, não consegue arrancar a confissão do Imagem
s presos”, acusou Sandro Modesto, advogado de defesa de Wagner Pereira Rodrigues, conhecido como Pato, um dos acusados da morte e ocultação de cadáver do policial militar Willian Dickson de Freitas – ocorrida 7 de maio de 2007. O delegado citado foi presidente do inquérito policial que apurou o caso.

A revelação aconteceu na noite de ontem (29), durante a cansativa sessão de julgamento de Wagner, e dos outros acusados, Cleiton Gonçalves da Silva, o Caçula, e Regina de Jesus Queiroz Sanches, a Regis.

Durante o julgamento, Caçula se ateu a responder apenas as perguntas feitas por seu advogado de defesa, e negou a autoria do crime. “Eu não conhecia o Dickson e não tinha motivo nenhum para matar ele”, disse o acusado, que disse não saber do envolvimento de sua então namorada, Regis, com a vítima. Sobre sua confissão feita na delegacia, Caçula afirmou que foi torturado pela polícia e que, por estar emocionalmente abalado, acabou admitindo o que não havia praticado.

Em seguida, foi a vez de Pato. Antes de a sessão iniciar, o advogado dele continuava sustentando a tese de que seu cliente foi apenas convidado por Cleiton para ajudar a levar uma moto (que era de propriedade da vítima) até o bairro do Muca. E que só após dias, é que ouviu do próprio Caçula que havia matado um policial militar. “Ele já foi ameaçado pelo Cleiton para confessar o crime e isentar a Regis. Inclusive, uma das ameaças aconteceu recentemente”, disse Sandro Modesto. Porém, durante seu depoimento, Pato mudou a versão que há quatro anos vinha sustentando. Agora ele afirma que só incriminou o amigo e a sua namorada porque também sofreu torturas por parte da polícia.

Já Regis garantiu que teve um relacionamento amoroso com Dickson e que, sete dias antes de seu desaparecimento, havia encontrado com o militar em uma loja. Ela afirmou que não teve envolvimento nos fatos. E reiterou que no dia em que a vítima sumiu, estava na escola - declaração esta desmentida pelo Ministério Público (MP).
Para o promotor Afonso Pereira, representante do MP no caso, a estratégia de defesa dos acusados é atribuir a confissão dos réus a torturas sofridas pela polícia. “Eles querem confundir os jurados, pois tanto o Wagner, quanto o Cleiton prestaram depoimento espontaneamente. Num primeiro momento, o Cleiton havia negado o crime. Mas depois, orientado por um promotor de Justiça que é amigo do pai dele, ele procurou a promotoria e contou o que tinha feito com o policial. E eu não acredito que essa autoridade judicial fosse capaz de induzir esse rapaz a confessar algo que não havia feito”, explanou Pereira. 

Julgamento é suspenso e será retomado na manhã de hoje
Devido ao cansaço físico alguns jurados não se sentiram bem.

Devido ao cansaço físico, alguns jurados que formam o corpo de sentença, que julga os acusados do desaparecimento e morte do policial militar Willian Dickson, não se sentiram bem. Motivo que forçou o presidente da sessão, juiz João Guilherme Lages, a suspender o julgamento por volta das 23h de ontem (29), e retomá-la a partir das 8h de hoje (30), com duas horas de tréplica para a acusação e outras duas para a defesa.
Testemunhas

Pela ordem, os depoimentos iniciaram com as testemunhas. Duas delas, indicadas pelo Ministério Público (MP), relataram sobre a boa índole e conduta da vítima. Um amigo de classe de Dickson contou que na noite do desaparecimento do militar, eles e outros colegas de turma haviam programado de se encontrarem depois das aulas para estudarem. De acordo com a oitiva do rapaz, por volta das 22h do dia 7 de maio de 2007 – última vez em que o PM foi visto com vida –, ainda chegou a encontra com o amigo na frente da Universidade Federal do Amapá (Unifap). Momento em que este estava em sua motocicleta – uma Honda Twister, placa NEW-8401, cor vermelha – conversando com uma mulher que continha as mesmas características que Regis. A versão do amigo de Willian Dickson foi confirmada no depoimento de outra amiga de classe, durante interrogatório na delegacia.

Depois foi a vez das testemunhas indicadas pela defesa dos réus. Uma colega de turma de Regina garantiu que na noite dos fatos, esteve durante todo o tempo com a amiga na escola. Entretanto, a versão foi desmentida pelo promotor Afonso Pereira, representante do MP, que mostrou documentos onde comprovaram que naquele dia a acusada não havia comparecido na sala de aula. Por esse motivo a acusação solicitou a mesma fosse aquisitada por falso testemunho.

O patrão da mãe de Wagner também prestou depoimento. Ele contou que na noite do dia 7 de maio de 2007, esteve na casa do acusado, saído de lá altas horas da noite. E que ao deixar a residência do réu, o mesmo havia permanecido assistindo televisão. A testemunha também foi aquisitada pela acusação por falso testemunho. De acordo com Afonso Pereira, durante sua confissão, Cleiton disse que Pato foi quem sacou o dinheiro da conta bancária de Willian Dickson. “Não pode uma pessoa estar em dois lugares ao mesmo tempo. Por isso essas pessoas devem responder por falso testemunho. Pois segundo as confissões delas mesmas os horários não batem com os relatos das testemunhas”, esclareceu o representante do MP.


A denúncia
De acordo com o Ministério Público, por volta das 22h, do dia 7 de maio de 2007, Willian Dickson foi visto pela última vez com vida, as proximidades da Universidade Federal do Amapá (Unifap). No dia seguinte, um Boletim de Ocorrência sobre o desaparecimento do policial militar foi registrado por seus familiares. Dois dias depois, a moto da vítima foi encontrada abandonada, em via pública, na Rua do Copala, no bairro do Muca – Zona Sul da cidade. No dia 11, o corpo de Dickson, foi encontrado por volta das 9h, boiando no rio Matapi. O cadáver estava amarrado a um aro de caminhão. Ainda de acordo com a denúncia do MP, no dia 16, Cleiton se apresentou espontaneamente a promotoria de Justiça e confessou o hediondo, contando com riquezas de detalhes como havia ceifado a vida da vítima, com a ajuda do comparsa. (Elen Costa/aGazeta)
 
 
FONTE: www.amapadigital.net

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