A Corregedoria-Geral da Polícia Militar (PM) do Amapá investiga o
possível envolvimento de membros da corporação na tortura de
agricultores na Zona Rural de Macapá. Uma sindicância foi instaurada
nesta quinta-feira (19) para apurar o caso. Segundo as vítimas, os
militares teriam afirmado que faziam a segurança de chácaras próximas ao
terreno onde os agricultores estavam construindo uma casa em madeira.
Os suspeitos chegaram ao local em uma caminhonete e exigiram a saída dos
agricultores da área.
A confusão aconteceu na terça-feira (17) próximo ao quilômetro 34 da
BR-210, em Macapá. O agricultor Itamir Alves, de 56 anos, contou que
trabalhava na construção de uma casa em madeira no próprio terreno
quando cinco homens chegaram ordenando a saída da área, calculada em 24
hectares.
“Eles estavam armados e me renderam junto com dois trabalhadores que
estavam comigo quando nos recusamos a sair”, contou Alves, que afirma
ter a posse da área há seis meses.
Os homens teriam mantido em cárcere privado os três agricultores por
quase quatro horas. Eles chegaram a agredir e ameaçar de morte as
vítimas, segundo relato dos agricultores, que registraram Boletim de
Ocorrência (BO) e denunciaram o caso à Polícia Militar.
“Depois de torturarem a gente, as cinco pessoas se reuniram foi quando
aproveitei para ligar para o meu filho pedindo socorro”, disse Itamir
Alves, ainda abalado com os momentos de terror em que passou nas mãos
dos suspeitos.
O agricultor afirmou que os cinco homens saíram do terreno com as
vítimas após desconfiarem do pedido de socorro. Eles teriam seguido na
caminhonete e no carro de uma das vítimas pela BR-210 até serem
abordados no posto da Polícia Rodoviária Federa (PRF).
Itamir Alves conta que relatou o ocorrido aos inspetores de plantão,
mas os suspeitos foram liberados. “Os policiais rodoviários checaram a
identidade dos homens e descobriram que quatro são militares, mas não
sei porque eles foram soltos. Eles apenas pediram que a gente seguisse
até a cidade para registrar um BO”, lamentou.
A Polícia Rodoviária Federal informou que vai apurar a versão das vítimas.
A Corregedoria-Geral da PM instaurou um inquérito administrativo para
investigar se houve a participação dos policiais. Um fotografia tirada
pelo agricultor auxiliou na identificação de dois soldados. “Se houve
crime por parte dos militares com certeza haverá punição”, garantiu o
tenente-coronel Wellington Nunes, corregedor-geral interino da PM.
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