O guianense
Patrice Maciel, de 42 anos, pode não ter nascido no Brasil, mas suas origens
estão diretamente ligadas ao Amapá. Filho de amapaenses, ele se prepara para o
maior desafio da vida: cruzar o oceano Atlântico a remo. O velejador vai participar
pela primeira vez da Corrida Internacional Rames Guyane, prevista para iniciar
no dia 18 de outubro.
O desafio começa no Senegal , na África,
com chegada na Guiana Francesa, na América do Sul. Um trajeto de 4.700
quilômetros percorridos numa pequena embarcação.
A ligação desse aventureiro com o
Amapá surgiu ainda muito criança quando os pais brasileiros voltaram para o
estado. Patrice tem dupla cidadania, ele viveu parte da infância na localidade
de Limão do Curuá, região do Distrito de Bailique, pertencente a Macapá. Mas foi
na capital amapaense que o franco-brasileiro aprendeu a nadar, no Rio Amazonas.
O fascínio por desafios acompanha
Patrice desde muito cedo, sendo o maior deles o Rames Guyane. O franco-brasileiro quer navegar divulgando a
necessidade de valorização das pessoas portadoras de necessidades especiais.
- Tive uma irmã especial e senti
na pele toda a dificuldade desse problema social. Falta de acessibilidade,
preconceito e tantos outros problemas são constantes na vida dessas pessoas.
Minha missão também é esta: lutar pela valorização dessas pessoas - explicou.
Patrice terá pela frente
competidores experientes da Espanha, Bélgica e França . São velejadores
acostumados com os perigos que cercam esse tipo de prova.
- Estarei enfrentando
competidores que têm muita experiência e para mim, que estarei pela primeira
vez, concluir a prova já será de bom tamanho – disse.
O velejador não terá vida fácil durante a competição. Em média Patrice irá remar cerca de dez horas por dia.
Para evitar cair da embarcação ele irá percorrer todo o trajeto preso a uma
corda. E nos momentos que for dormir, rezar para não encontrar com nenhum navio
cargueiro ou transatlântico, por exemplo, evitando o risco de colisão, segundo
ele.
- Terei momentos de descanso. Vou
precisar parar para dormir e nesse intervalo tudo pode acontecer. Será um
exercício de superação e que também terei que contar com a sorte – destacou.

- Não dá para ter tranquilidade. Além de uma boa
preparação física, apoio psicológico é fundamental. Acredito que todos os
competidores estarão expostos a esta situação. Estamos tomando todas as medidas
de segurança para que não ocorra qualquer problema mais sério – afirmou
Patrice.
O barco em que o aventureiro irá
encarar a competição tem oito metros de comprimento por menos de dois metros de
largura, construído em madeira compensada, banhada em resina, o que garante
alta resistência . Apesar de toda a segurança, a maior dificuldade pode ser a
vida solitária dentro da embarcação. Serão cerca de sessenta dias em que ele
não terá contato com ninguém.
- Isso irá exigir uma preparação física muito
boa, pois serão muitas horas remando, com as pernas deitadas e tendo que
conseguir água. Acho que esse também será um dos desafios, pois a competição é
muito puxada e exige muito dos competidores – disse.

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