O arquipélago do Bailique, comunidade
de Macapá mais distante da zona urbana, foi o local escolhido pela Associação
Brasileira de Surfe na Pororoca (Abraspo) para sediar a 14ª edição do
Campeonato Brasileiro da modalidade. A competição aconteceu no último fim de
semana, dias 14 e 15 de junho, no rio Livramento, uma nova rota onde o fenômeno
natural ainda existe.
A organização da competição
informou que apesar da vontade de se realizar o campeonato no rio
Araguari, na região de Cutias, o mesmo não sentia mais os efeitos do fenômeno da pororoca. Noélio
Sobrinho, presidente da Abraspo, afirmou que a construção de hidrelétricas e o
surgimento de canais, por conta da criação de búfalos, são os fatores apontados
para que o Araguari não tenha mais a pororoca na mesma intensidade de
antigamente.
- Infelizmente, essa é uma triste
realidade. No rio Araguari não existe mais a pororoca devido aos fatores
humanos. Dessa forma, tivemos que buscar alternativas para que o campeonato
ocorresse e o rio Livramento é onde o fenômeno se mostrou ainda muito forte e
propício para o surfe - disse.
Aproveitando o fenômeno no rio
Livramento, os surfistas conseguiram pegar ondas de até dois metros de altura.
Na primeira bateria, Adilton Mariano do Ceará encarou o carioca Gabriel
Pastori. O cearense, que já havia conquistado a disputa nacional, não teve
dificuldades em conseguir boas manobras e garantir presença na final.
Na outra disputa, o paulista Marcelo Bonfim
surpreendeu Ícaro Lopes, do Ceará, e também garantiu presença na decisão. Na
bateria decisiva, Adilton Mariano realizou várias boas manobras diante de Marcelo
Bonfim e faturou o heptacampeonato de surfe na pororoca.
- Para mim o mais difícil é lidar
com o inesperado, com a expectativa do imprevisto e sem saber o que teremos
pela frente. Acho que esse heptacampeonato só vem coroar todo o presente que
Deus nos dá com a natureza que nos deparamos na pororoca. Sem dúvida que essa
etapa vai ficar na história - disse Adilton.
O paulista Marcelo Bonfim, que
encarou pela primeira vez a pororoca, considerou positiva a experiência já que
antes só havia surfado nas ondas de águas salgadas. Otimista, ele espera que a
partir de agora possa participar de mais etapas do Campeonato de Surfe na Pororoca.
- Foi uma experiência alucinante e pude
realmente notar que há uma diferença na força da água. No mar se forma uma onda
que segue, como se fosse numa linha contínua. Na pororoca é diferente, pois além de ser
mais turva e a onda tem uma quebrada, sendo uma dificuldade a mais - destacou.
Agora a Abraspo se prepara para desbravar novos pontos da pororoca em
terras amapaenses. Uma nova expedição deve acontecer ainda este ano.
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