Localizado a cerca de 190 quilômetros a
nordeste da capital do Amapá, o arquipélago do Bailique é um distrito da
cidade de Macapá, e constituído por oito ilhas: Bailique, Brigue,
Curuá, Faustino, Franco, Igarapé do Meio, Marinheiro e Parazinho. Por
estar localizado na extensa foz do rio Amazonas, é considerado um
arquipélago marítimo-fluvial. O acesso ao Bailique só é possível através
de pequenos barcos, capazes de suportar até 40 redes de dormir, em uma
viagem que pode durar de 14 até 18 horas.
O viajante deve torcer para que o rio esteja muito calmo, ou ter um estômago forte, pois o balanço é
O viajante deve torcer para que o rio esteja muito calmo, ou ter um estômago forte, pois o balanço é
constante.
Mas a resistência à viagem é recompensada, pois a
exuberância paisagística do local é de arrancar o fôlego, como as
monumentais florestas de várzea intercaladas por igarapés, manguezais e
alguns campos limpos e praias esparsas. Tudo isso coroado com as
constantes e barulhentas revoadas das coloridas aves amazônicas, além da
magnificiência da exclusividade de espécies animais não encontradas em
nenhum outro local da própria Amazônia.
Os moradores do Arquipélago do Bailique moram em pequenas comunidades, sendo que a maior tem 150 casas. Os cerca de 10 mil habitantes da região do Bailique vivem de extrativismo vegetal de açaí, cupuaçu, castanha, palmito, andiroba e o pracaxi, usados para a produção de azeite; de pequenas agriculturas, como mandioca, feijão, hortaliças, entre outros; e da pesca artesanal.
Em 1998, o Bailique foi palco da construção de um dos mais impressionantes projetos de caráter ecológico que se tem notícia, que é a Escola-Bosque do Amapá, Módulo Bailique. Localizada na ilha do Brigue, próxima à maior comunidade do Bailique, a Escola-Bosque tem um projeto arquitetônico que se encaixa perfeitamente à floresta, pois são oito prédios em forma de oca indígena, cada um contendo diversas salas de aula e administrativas, além do prédio construído anexo à escola com a intenção de ser o hotel Hotel Escola-Bosque, todos erguidos utilizando a mão-de-obra e as madeiras disponíveis na comunidade. Cada uma das edificações é interligada à outra através de passarelas posicionadas a mais de um metro do chão, que são sobrepostas devido ao regime de cheia e vazante da região.
A Escola-Bosque, hoje com mais de mil alunos, foi criada com a intenção de manter os moradores do Bailique na região, já que, por não haver até então o ensino médio no local, os alunos precisavam se deslocar até a cidade de Macapá para poder estudar e, consequentemente, trabalhar. O largo abandono da região estava levando a comunidade ao colapso e, cada vez maior, à dependência dos orgãos estatais para a sobrevivência das pessoas do local.
Como forma de integrar as atividades econômicas e a preservação da floresta, foi implementado o método socioambiental como a perspectiva norteadora do projeto político pedagógico da escola do Bailique. Através desse método, os alunos e as alunas da Escola-Bosque poderiam aprender que era possível, ao mesmo tempo, garantir uma qualidade de vida sem precisar destruir a floresta.
Alguns dos seus principais projetos foram a Farmácia da Terra em que os alunos compreendiam que
Os moradores do Arquipélago do Bailique moram em pequenas comunidades, sendo que a maior tem 150 casas. Os cerca de 10 mil habitantes da região do Bailique vivem de extrativismo vegetal de açaí, cupuaçu, castanha, palmito, andiroba e o pracaxi, usados para a produção de azeite; de pequenas agriculturas, como mandioca, feijão, hortaliças, entre outros; e da pesca artesanal.
Em 1998, o Bailique foi palco da construção de um dos mais impressionantes projetos de caráter ecológico que se tem notícia, que é a Escola-Bosque do Amapá, Módulo Bailique. Localizada na ilha do Brigue, próxima à maior comunidade do Bailique, a Escola-Bosque tem um projeto arquitetônico que se encaixa perfeitamente à floresta, pois são oito prédios em forma de oca indígena, cada um contendo diversas salas de aula e administrativas, além do prédio construído anexo à escola com a intenção de ser o hotel Hotel Escola-Bosque, todos erguidos utilizando a mão-de-obra e as madeiras disponíveis na comunidade. Cada uma das edificações é interligada à outra através de passarelas posicionadas a mais de um metro do chão, que são sobrepostas devido ao regime de cheia e vazante da região.
A Escola-Bosque, hoje com mais de mil alunos, foi criada com a intenção de manter os moradores do Bailique na região, já que, por não haver até então o ensino médio no local, os alunos precisavam se deslocar até a cidade de Macapá para poder estudar e, consequentemente, trabalhar. O largo abandono da região estava levando a comunidade ao colapso e, cada vez maior, à dependência dos orgãos estatais para a sobrevivência das pessoas do local.
Como forma de integrar as atividades econômicas e a preservação da floresta, foi implementado o método socioambiental como a perspectiva norteadora do projeto político pedagógico da escola do Bailique. Através desse método, os alunos e as alunas da Escola-Bosque poderiam aprender que era possível, ao mesmo tempo, garantir uma qualidade de vida sem precisar destruir a floresta.
Alguns dos seus principais projetos foram a Farmácia da Terra em que os alunos compreendiam que
poderiam parar de depender de
remédios industrializados para cuidar da saúde, a gestão e o manejo da
agricultura e pecuária local, além da formação de gestores em ecoturismo
e das pequenas indústrias primárias, fazendo com que a comunidade se
tornasse mais autônoma no que diz respeito à produção de alimentos e ao
fornecimento de merenda escolar. Além disso, um dos objetivos era
justamente a formação de técnicos e especialistas do próprio Bailique
para tomar conta e ajudar a desenvolver não-predatoriamente a região.
Ao aliar a autonomia dos povos amazônicos e a manutenção da floresta em pé, a proposta da Escola-Bosque do Bailique se insere em uma perspectiva política e ecológica que busca proporcionar às pessoas a garantia de ficar em suas comunidades, tendo poder, ferramentas e instrumentos suficientes para resistir ao cada vez maior assédio da ideia dos governos e corporações que insistem na concepção que só é possível desenvolver aquelas regiões com agronegócio, mineração, industrialização e urbanização.
È cada vez mais evidente que os únicos beneficiários da transformação da floresta em megahidrelétricas e campos de monoculturas de exportação são umas poucas empresas transnacionais, e também um ou outro latifundiário. Ao integrar as perspectivas ecologistas ao etnoconhecimento dos povos da floresta, iniciativas como a Escola-Bosque do Bailique mostram que tanto a atividade científica quanto a educativa se tornam cada vez mais pertinentes e eficientes quanto mais autonomia e liberdade conquistam, e dão às sociedades contemporâneas o fôlego e o ânimo necessários para continuarem buscando as alternativas ao desenvolvimento capitalista predatório vigente.
Ao aliar a autonomia dos povos amazônicos e a manutenção da floresta em pé, a proposta da Escola-Bosque do Bailique se insere em uma perspectiva política e ecológica que busca proporcionar às pessoas a garantia de ficar em suas comunidades, tendo poder, ferramentas e instrumentos suficientes para resistir ao cada vez maior assédio da ideia dos governos e corporações que insistem na concepção que só é possível desenvolver aquelas regiões com agronegócio, mineração, industrialização e urbanização.
È cada vez mais evidente que os únicos beneficiários da transformação da floresta em megahidrelétricas e campos de monoculturas de exportação são umas poucas empresas transnacionais, e também um ou outro latifundiário. Ao integrar as perspectivas ecologistas ao etnoconhecimento dos povos da floresta, iniciativas como a Escola-Bosque do Bailique mostram que tanto a atividade científica quanto a educativa se tornam cada vez mais pertinentes e eficientes quanto mais autonomia e liberdade conquistam, e dão às sociedades contemporâneas o fôlego e o ânimo necessários para continuarem buscando as alternativas ao desenvolvimento capitalista predatório vigente.
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