Membros do Conselho Regional de Medicina (CRM-AP) fizeram uma vistoria no Pronto Atendimento Infantil (PAI) de Macapá,
e flagraram crianças internadas em cadeiras espalhadas nos corredores
do hospital. Em outros casos, um único leito era ocupado por até dois
pacientes da pediatria, única na rede pública do Amapá.
A fiscalização aconteceu nesta segunda-feira (16), após denúncias de
médicos, que confirmam a superlotação e reclamam de rotinas exaustivas
de trabalho.
A médica Socorro Ramos conta que seis crianças estão "entubadas
inadequadamente no PAI", necessitando de internação na Unidade de
Terapia Intensiva (UTI), mas permanecem na pediatria por falta de leitos
no Hospital da Criança e do Adolescente (HCA). Segundo ela, pelo menos a
metade dessas crianças piorou o estado de saúde dentro do próprio
hospital.
“Elas estão aqui como se tivessem em uma UTI, mas esse não é o local
adequado e nem adaptado para isso. Desse jeito elas vão permanecer por
mais tempo aqui no hospital e a fila não vai andar, porque tem mais
crianças que estão nos corredores pelo fato de todas as enfermarias
estarem lotadas”, reforçou Socorro.
A médica disse ainda que há carência de medicamentos e equipamentos
dentro do PAI, principalmente antibióticos e máscaras para aerossol,
itens fundamentais para o primeiro atendimento a crianças com sintomas
de problemas respiratórios, que são comuns no período invernoso.
“Todos os anos a Sesa [Secretaria de Estado da Saúde] sabe que nessa
época aumenta, e muito, o número de crianças com problemas
respiratórios, mas nada é feito, ou seja, eles estão contribuindo para
que essa lotação continue. As crianças deveriam ficar em regime de UTI
aqui de forma provisória, mas isso já acontece há mais de um ano”,
lamenta a médica, que está há 16 anos na unidade.
Segundo a médica Maria das Graças Creão, corregedora do CRM, seis
médicos atendem, por plantão, cerca de 300 crianças, diariamente.
Profissionais dizem que é baixo número de enfermeiros e técnicos de
enfermagem. Os médicos contam que se dividem em turnos de seis horas
durante o dia, além dos plantões exercidos durante as noites.
“É exaustivo, dependendo do dia, cada médico chega a lidar com 30
crianças, entre emergências e os internados. Não vamos nunca deixar de
atendê-los, mas uma solução tem que ser tomada imediatamente, por isso
recomendamos aos médicos que denunciem essas situações e cobrem a
melhoria”, reforçou a corregedora, completando que outros órgãos, como
Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), serão
acionados.
Em comunicado divulgado na noite de segunda-feira, a Sesa apontou que
80% dos atendimentos do Pronto Atendimento Infantil poderiam ser
resolvidos nas 23 Unidades Básicas e Saúde (UBS’s) espalhadas pelos
bairros de Macapá. O documento orientava pais ou responsáveis a procurar
as unidades em caso de novas enfermidades.
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