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quarta-feira, 18 de junho de 2014

Crianças são internadas em cadeiras nos corredores de pediatria do Amapá

CRM registrou crianças em corredores do PAI, em Macapá (Foto: Divulgação/CRM)

Membros do Conselho Regional de Medicina (CRM-AP) fizeram uma vistoria no Pronto Atendimento Infantil (PAI) de Macapá, e flagraram crianças internadas em cadeiras espalhadas nos corredores do hospital. Em outros casos, um único leito era ocupado por até dois pacientes da pediatria, única na rede pública do Amapá. A fiscalização aconteceu nesta segunda-feira (16), após denúncias de médicos, que confirmam a superlotação e reclamam de rotinas exaustivas de trabalho.

Médica Socorro Ramos diz que alta demanda impede rápido atendimento (Foto: John Pacheco/G1) A médica Socorro Ramos conta que seis crianças estão "entubadas inadequadamente no PAI", necessitando de internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas permanecem na pediatria por falta de leitos no Hospital da Criança e do Adolescente (HCA). Segundo ela, pelo menos a metade dessas crianças piorou o estado de saúde dentro do próprio hospital.
“Elas estão aqui como se tivessem em uma UTI, mas esse não é o local adequado e nem adaptado para isso. Desse jeito elas vão permanecer por mais tempo aqui no hospital e a fila não vai andar, porque tem mais crianças que estão nos corredores pelo fato de todas as enfermarias estarem lotadas”, reforçou Socorro.
A médica disse ainda que há carência de medicamentos e equipamentos dentro do PAI, principalmente antibióticos e máscaras para aerossol, itens fundamentais para o primeiro atendimento a crianças com sintomas de problemas respiratórios, que são comuns no período invernoso.
“Todos os anos a Sesa [Secretaria de Estado da Saúde] sabe que nessa época aumenta, e muito, o número de crianças com problemas respiratórios, mas nada é feito, ou seja, eles estão contribuindo para que essa lotação continue. As crianças deveriam ficar em regime de UTI aqui de forma provisória, mas isso já acontece há mais de um ano”, lamenta a médica, que está há 16 anos na unidade.
Segundo a médica Maria das Graças Creão, corregedora do CRM, seis médicos atendem, por plantão, cerca de 300 crianças, diariamente. Profissionais dizem que é baixo número de enfermeiros e técnicos de enfermagem. Os médicos contam que se dividem em turnos de seis horas durante o dia, além dos plantões exercidos durante as noites.

Maioria dos atendimentos no PAI está ligado a problemas respiratórios (Foto: Divulgação/CRM) 






















 

“É exaustivo, dependendo do dia, cada médico chega a lidar com 30 crianças, entre emergências e os internados. Não vamos nunca deixar de atendê-los, mas uma solução tem que ser tomada imediatamente, por isso recomendamos aos médicos que denunciem essas situações e cobrem a melhoria”, reforçou a corregedora, completando que outros órgãos, como Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), serão acionados. 
Em comunicado divulgado na noite de segunda-feira, a Sesa apontou que 80% dos atendimentos do Pronto Atendimento Infantil poderiam ser resolvidos nas 23 Unidades Básicas e Saúde (UBS’s) espalhadas pelos bairros de Macapá. O documento orientava pais ou responsáveis a procurar as unidades em caso de novas enfermidades.

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