O cerrado é um tipo de vegetação caracterizado por árvores baixas, retorcidas, em geral dotadas de casca grossa e suberosa. O Estado tem quase a totalidade das florestas preservadas, mas não tem nenhuma política de gestão nesse tipo de área. Diante disso, grandes projetos habitacionais e agrícolas estão sendo estudados por empresários para serem implantados no cerrado amapaense. Na manhã de terça-feira (11), técnicos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) discutiram o assunto no auditório da instituição, tendo como colaboradores formandos da Universidade Federal do Amapá (Unifap) e do Centro Educacional e Profissionalizante Graziela Reis de Souza.
O coordenador de Políticas Ambientais da Sema, Almeida Júnior, defendeu a tese de criação da Unidade de Conservação do Serrado. “Nós temos por amostragem que vários biomas do Amapá possuem unidade de conservação. É sabido que 70% da base territorial do Estado está incluída em reservas indígenas ou nos vários níveis definidos pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (Snuc) como áreas de conservação”, frisou.
Durante a discussão, foi reclamada a questão de o cerrado ser o único bioma não contemplado com unidade de conservação. Surgiram várias perguntas sobre o assunto, principalmente se o Amapá precisa ou não de uma unidade de cerrado. O debate terá continuidade com a participação de outros atores: prefeituras, câmaras municipais, Imap, Iepa, IEF, Setec. Os prefeitos devem ser os maiores interessados pela criação de uma unidade de conservação dentro dos municípios.
O coordenador de Políticas Públicas lembrou que alguns municípios já perderam parte da própria base territorial para unidades de conservação. Por isso precisam pensar com cuidado se querem mais uma área de preservação ou se preferem trabalhar outros assuntos também de extrema importância, tais como a criação do Sistema Municipal de Meio Ambiente – isso implica em um Código Ambiental (a maioria dos municípios não possuem), um sistema instalado com uma secretaria de meio ambiente estruturada, um conselho municipal de meio ambiente instalado com um fundo municipal.
A discussão de terça-feira estava intimamente ligada à questão dos procedimentos para a criação de novas unidades de conservação. O cerrado no Amapá, por não ter uma unidade de conservação pensada, delimitada e instituída, é uma das áreas com maior possibilidade de ser antropizada e, consequentemente, perder grandes espaços sem a população conhecer o valor que possui, a potencialidade existente e as fragilidades. “Portanto, precisamos de uma unidade de conservação do cerrado, pois talvez grande parte dele já esteja habitado, sendo objeto de grandes projetos agrícolas”, defendeu Almeida Júnior.
O formando Anderson do Nascimento Lobato, estudante do curso técnico de Meio Ambiente do Centro Educacional e Profissionalizante Graziela Reis de Souza, disse que há uma preocupação com o meio ambiente e espera obter maior conhecimento nos debates. “As obtenção de informações foi que motivou-me a participar desse debate”. A formanda de Ciências Ambientais da Unifap, Luciane Fernandes, destacou a importância da preservação no alcance de uma série de benefícios. “Mas o que vemos é a degradação. É necessário, portanto, que haja maior aprendizagem sobre o manejo correto das florestas”, concluiu.(Jorge Cesar/aGazeta)
FONTE: www.amapadigital.net
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