Fazer a travessia do município de Mazagão Novo para Macapá tem sido cada vez mais complicado. Na manhã de quarta-feira (29), a equipe do jornal a Gazeta presenciou a rotina de quem depende das balsas para cumprir com suas atividades pessoais e profissionais.
Por volta das 10h40, havia apenas uma balsa operando no Rio Matapi, uma fila com mais de dez veículos se formou próximo ao local de embarque, por mais de uma hora e meia. Duas embarcações estavam disponíveis para fazer a travessia. A primeira com espaço para sete veículos e a segunda para dezoito. Apenas a que operava com menor capacidade de transporte de cargas e passageiros estava na ativa, a outra, denominada Vitória, abrigava funcionários em um momento de descanso, deitados em redes e no piso da embarcação. Quando perceberam a aproximação da equipe de reportagem, levantaram das redes e entraram na cabine da balsa.
O operador da máquina, que se recusou a se identificar, disse que a balsa só realiza o serviço quando há grande fluxo de carros esperando. Sobre o número de carros que aguardavam a travessia há mais de uma hora, ele informou que a embarcação em atividade – no caso, a menor – não conseguiria realizar o transporte de maneira mais rápida.
O diretor de transportes da Secretaria Estadual de Transportes (Setrap), Fernando Van Erven disse desconhecer a “folga” dos funcionários em horário de trabalho, mas explicou que existe um agente de fiscalização deslocado pela Secretaria para estar no local de 8h às 18h, acompanhando o andamento do serviço e apontando quaisquer falhas. “No momento da matéria, é provável que uma das nossas três embarcações tenha sido colocada para atender a outra demanda em Santana e por isso o fiscal também não foi encontrado. Assim, ocorreu uma sobrecarga o transporte das outras duas disponíveis”, justificou Van Erven – sem saber que a balsa Vitória esta simplesmente ancorada para o bel descanso dos “trabalhadores”.
Das quatro balsas que deveriam atender o transporte de cargas e passageiros, duas são do governo do Estado, uma é alugada por R$ 42 mil mensais e a quarta foi classificada pela Marinha do Brasil como “inservível” e permanece com atividade suspensa. Erven afirma que a intenção da Secretaria é promover reparos na embarcação e colocar a última balsa em atividade por conta dos festejos de São Tiago, que acontecem no mês de julho em Mazagão.
A despesa da Setrap com a manutenção das balsas é tratada da seguinte forma: R$ 100 mil para reforma e manutenção das embarcações, R$ 42 mil em diárias para funcionários efetivos (em grande parte, remanescentes da extinta SENAVA), R$ 162 mil com aluguéis e mais R$ 7 mil por uma picape que fica a disposição do agente de fiscalização. Ainda assim, Erven explica que os entraves que dizem respeito a deficiência de pessoal são mais latentes do que a própria dotação orçamentária do órgão governamental. Apenas 35 pessoas operam as três máquinas.
Por fim, Van Erven aconselhou à população: “a travessia de uma balsa não é igual a de uma ponte, exige paciência”. E ainda desabafou: “as pessoas não conhecem as nossas dificuldades operacionais e lançam críticas”.
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