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terça-feira, 5 de julho de 2011

“Mourão”, o mais procurado do Amapá, é preso no Amazonas

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Depois de dar um desconcertante drible n

a polícia amapaense, Andrei Chaves de Moura Costa, o “Mourão” – considerado o assaltante mais perigoso da Região Norte –, foi preso no Amazonas.

A captura do criminoso mais procurado da atualidade no Amapá aconteceu na manhã deste domingo (3), algumas horas depois que ele e quatro comparsas assaltaram um fazendeiro no município de São Sebastião de Uatumã – a 247 km de Manaus. Após o crime, o bando fugiu em direção a capital amazonense, mas foi interceptado na rodovia AM-010 durante uma barreira policial.

No carro em que os criminosos estavam - uma S-10, cor prata, placa JXM 0484 -, os policiais encontraram três pistolas, sendo que duas delas eram de uso exclusivo das forças armadas, uma sub-metralhadora, e munições de vários calibres. Também foi achada no veículo a quantia de R$ 64 mil em espécie e mais R$ 120 mil em cheques, além de aparelhos de telefones celulares e jóias, que a polícia credita se tratar de produtos oriundos dos crimes cometidos pelos bandidos.

Os cincos criminosos foram levados para o 1° Distrito Integrado de Polícia (DIP), onde foram autuados em flagrante por formação de quadrilha e porte ilegal de arma de fogo. Os comparsas de Andrei deram os nomes de Keni Rodrigues, 40, que estava dirigindo a S-10, Paulo Souza da Silva, 37, Vinci Bento de Araújo, 27 e o uruguaio Alcides dos Santos Gutierrez, 72.


Delegado sugere que policiais amapaenses interroguem mentor de assaltos a banco em Macapá
Quando foi apresentado na delegacia, Andrei deu o nome de José Wagner Feitosa. Depois de colher o depoimento de “Mourão”, as autoridades policiais do Amazonas passaram a desconfiar que ele havia dado informações erradas sobre sua identidade. A confirmação só aconteceu após a troca de dados entre os policiais de Macapá e de Manaus.

No Amapá, o criminoso responde a dois inquéritos policiais, pelos roubos as agências bancárias do Santander da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), e Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa). No entanto, “Mourão” também é o principal suspeito dos assaltos ocorridos aos Santander da Universidade Federal do Amapá (Unifap) e do Quartel do Comando Geral da Polícia Militar.

Para o delegado Celso Pacheco, que autuou “Mourão” da vez em que ele foi preso em Macapá, o Estado precisa encaminhar uma equipe de agentes da Delegacia Especializada em Crimes Contra o Patrimônio (DECCP) ao Amazonas para interrogar o bandido.

“É necessário que a presença de nossos policiais em Manaus para acompanhar o caso e principalmente interrogar o Andrei, pois há inquéritos que precisam ser concluídos e dependem única e exclusivamente do depoimento dele. Temos que saber também como foi essa fuga dele aqui do Iapen, quanto custou, quanto tempo ele ainda ficou no Amapá depois que fugiu, quantos crimes mais cometeu. Enfim, acredito que a sociedade esperou tanto tempo por essas respostas e a oportunidade é agora. Ele é uma pessoa muito fria e conta sem remorso seus crimes. Foi assim da primeira vez que foi preso em Macapá. Eu mesmo conversei com ele, e inclusive ele me confessou quais eram seus planos para o Amapá”, disse Pacheco.


Bandido é procurado em vários Estados
Andrei Chaves de Moura Costa, o “Mourão”, estava no topo do ranking dos assaltantes mais procurados na atualidade. Ele está foragido de pelo menos quatro Estados da federação brasileira. No Pará ele esteve preso por sete anos, depois de ter sido condenado por comandar uma quadrilha de assaltantes que agia nas cidades de Ananindeua, Marituba, Icoaraci, dentre outras no interior de Belém. Em depoimento, quando foi preso na capital amapaense, em fevereiro deste ano, ele contou que seus comparsas em roubos a veículos e cargas foram mortos durante confronto com criminosos rivais na cidade de Castanhal (PA). A polícia desconfia que foi exatamente as inimizades com outros bandidos que fizeram “Mourão” se refugiar no Estado do Amapá, onde aparentemente não tem rivais.

Ele também já cumpriu pena de sete anos e dois meses, por roubo no Amazonas. O crime aconteceu a uma agência da Caixa Econômica Federal. Naquele Estado, o foragido ainda responde a processo por outros assaltos a bancos e por crimes de furto e extorsão contra a empresa de transporte de valores Norsergel. A polícia amapaense já sabe que “Mourão” é jurado de morte no Estado amazonense. Foi lá que seu irmão, Paulo Chaves de Moura Costa, também assaltante, foi executado em junho do ano passado, no bairro de Cachoeirinha, em Manaus. Paulo estava trafegando numa S10 vermelha quando foi atacado por dois motoqueiros. Ele morreu fuzilado.


As investidas de “Mourão” na capital amapaense
Em Macapá, “Mourão” é indiciado pela ação criminosa perpetrada na agência bancária do Santander, que funciona dentro da Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), no bairro Santa Rita, na Zona Sul de Macapá. O crime ocorreu no final do mês de janeiro deste ano. O assalto, feito em plena luz do dia, rendeu R$ 84 mil ao bando. Cinco assaltantes participaram da ação criminosa. Quando “Mourão” foi preso, durante o reconhecimento, uma funcionária do banco chegou a desmaiar ao vê-lo novamente.

A polícia também deu como certa a participação dele e o autuou no roubo a agência do Banco Santander, que funciona dentro da Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa). O crime ocorreu no início de fevereiro. Dois homens armados com pistolas surpreenderam os vigilantes e renderam os clientes. Em menos de dois minutos eles deixaram o local levando R$ 90 mil em dinheiro.
Se confirmada a suspeita da polícia de que “Mourão” tenha tido participação direta em todos os quatro roubos às agências bancárias do Santander em Macapá os crimes renderam cerca de meio milhão de reais ao assaltante e seu bando o que é considerado um lucro altíssimo para apenas quatro meses de atuação.

“Mourão” e seu bando são os principais suspeitos do assalto ao Santander localizado na área da Universidade Federal do Amapá (Unifap) – fato ocorrido em abril quando funcionários e clientes foram rendidos e amarrados pelos bandidos. A investida rendeu aos criminosos R$ 100 mil.
Recai sobre ele o roubo a agência do Santander de dentro do Quartel do Comando Geral da Polícia Militar (QCG/PM). O crime também aconteceu em abril deste ano. Os assaltantes conseguiram roubar mais R$ 100 mil.


Mentor de assaltos tentou subornar polícia amapaense
“Mourão” foi preso na noite do dia 9 de fevereiro, na Rua Claudomiro de Moraes, no bairro Congós, Zona Sul de Macapá, por policiais militares do Batalhão Especializado de Radio Patrulhamento Motorizado (BRPM). A prisão dele aconteceu depois que homens da Divisão de Inteligência da Polícia Militar (PM) reconheceram o carro do bandido – um gol de cor azul e de placa NEW 3375. Segundo a polícia, o veículo foi visto por testemunhas e vítimas em diversos assaltos ocorridos na cidade. Segundo a polícia, o Gol tinha o motor turbinado para escapar de cercos policiais.

Segundo a PM, o criminoso tentou praticar um assalto a um hotel no centro de Macapá horas antes de ser preso. Durante a abordagem e buscas no carro, os policiais encontraram drogas e vários documentos falsificados. Ele tentou subornara a guarnição oferecendo R$ 3 mil ao comandante da guarnição, o tenente Eliabe. Em vão. “Mourão” acabou sendo entregue no Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) do bairro Pacoval.


Venda de documentos falsos para ex-detentos

No dia em que foi preso pela PM, Andrei estava de posse de diversos documentos falsificados, entre os quais tinham carteiras de identidade, CPFs, cartões magnéticos de banco e até carteiras de trabalho. Na delegacia, ele explicou ao delegado Celso Pacheco como funcionava o esquema de falsificação de documentos.

Segundo “Mourão”, os clientes normalmente eram detentos ou ex-detentos. Eles encomendavam o documento, os dados eram enviados pelo bandido para a cidade de São Paulo, onde eram confeccionados por comparsas ao valor de R$ 500. Depois de pronta, a “encomenda” era remetida ao Amapá. “Velho” chegava a receber R$ 4 mil por cada pedido.

A misteriosa fuga do Iapen
Misteriosamente “Mourão” conseguiu deixar o Instituto de Administração penitenciário (Iapen) no mês de abril. O sumiço do assaltante só foi notado na tarde do dia 14 durante uma recontagem de presos. De acordo com informações, ele desapareceu do pavilhão de maior segurança do presídio, onde foi colocado desde o primeiro dia em que deu entrada no Iapen, por recomendação da Polícia Civil, devido a seu perfil de alta periculosidade descrito na sua extensa ficha criminal – onde constam crimes como roubos a bancos, extorsão, estelionato, suborno, porte ilegal de arma, formação de quadrilha e homicídio, entre outros.

As investigações, que estão sendo feitas com a ajuda das Polícias Civil e Federal, trabalhavam com três hipóteses para a fuga de “Mourão”. A primeira delas é que ele teria escapado com a ajuda de uma Tereza (tipo de corda improvisada com roupas e lençóis). Outra tese seria o uso de um túnel. Essas duas suposições foram praticamente descartadas porque nenhuma corda ou passagem por debaixo da terra foram encontradas.

A hipótese mais provável é de que o bandido tenha usado uma das suas especialidades criminosas para escapar, o suborno. A informação, extra-oficial, era que ele teria comprado sua fuga por R$ 20 mil. O dinheiro seria usado para comprar um uniforme idêntico ao modelo usado por operários que trabalham na construção de uma cadeia de segurança máxima dentro e ampliação do sistema semi-aberto.

A farda contém calça comprida, camisa manga-longa, botas, óculos de proteção e capacete. Usando o uniforme, “Mourão” teria se misturado aos trabalhadores no horário do banho de sol e saído pelo portão de entrada, no final do expediente. Uma fonte de dentro do presídio disse à reportagem, que nos corredores do Iapen, especulava-se um dos operários teria aceitado o suborno – o que ainda não foi confirmado pela direção da casa penal.

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