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terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Moradores dizem que violência estigmatizou residencial em Macapá

Conjunto habitacional foi inaugurado em 2011 com 592 apartamentos (Foto: Abinoan Santiago/G1) Primeira obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Amapá, o Conjunto Habitacional Mucajá foi inaugurado em outubro de 2011. Localizado na Zona Sul de Macapá, o empreendimento tem 592 apartamentos divididos em 37 blocos e o estigma de violento, segundo afirmam os próprios moradores que há dois anos vivem no local. Eles contam que sofrem preconceito e que até emprego é difícil de conseguir por causa do endereço.
O residencial, construído para receber famílias de baixa renda, fica ao lado de um presídio de menores infratores. Grades em portas e janelas são comuns nos apartamentos do conjunto, que no dia 10 de janeiro de 2014, registrou o mais recente crime. O ajudante de pedreiro Bruno de Oliveira, de 21 anos, e um adolescente de 15 anos foram mortos a tiros dentro do apartamento onde moravam. O duplo homicídio ocorreu enquanto as vítimas dormiam. Dois homens armados invadiram a casa para efetuar os disparos. A polícia não identificou os autores do crime.

Anaia vende açaí em frente ao bloco onde mora para ajudar a renda (Foto: Abinoan Santiago/G1) A autônoma Anaia Costa, de 32 anos, disse que sofre com o preconceito provocado pela violência no local. A mulher conta que não consegue se empregar com carteira assinada desde 2011. Ela atribui ao endereço Mucajá as vagas de trabalho perdidas. Para ajudar na renda dentro de casa, ela vende açaí em frente ao bloco onde mora.
"O meu último emprego foi em 2011 e desde quando eu sai, nunca mais consegui outro. Na tentativa mais recente, estava quase tudo certo para eu ser contratada, mas quando souberam que eu era do Mucajá, acabei perdendo o meu emprego", relatou Anaia, que mora com o marido e dois filhos em um dos apartamentos do conjunto.
O vigilante Fágner Silveira, de 38 anos, disse que viveu situação semelhante. "Fiquei muito tempo sem emprego. Só consegui esse meu trabalho atual de vigia porque o dono da empresa sabia que eu não era uma pessoa ruim", contou.

Sindica do bloco 36 diz que moradores vivem condição caótica (Foto: Abinoan Santiago/G1) A síndica do bloco 36 Marilúcia Penha, de 33 anos, classifica a condição em que os moradores vivem como "caótica". "A insegurança dos moradores está caótica. Desde quando fomos remanejados reivindicamos um posto policial para o conjunto para minimizar conflitos e a proliferação de drogas. (...) A falta de segurança faz as pessoas sentirem vergonha de dizer que são daqui", afirmou Marilúcia.
Alguns moradores dizem que mudaram a rotina por causa da violência no local. A estudante Carlene Hage, de 19 anos, disse que optou em não passar durante a noite pelo Mucajá, antes de apanhar o ônibus em uma parada em frente ao conjunto.
"Eu não gosto de passar por aqui depois das 18h. Prefiro descer em uma outra parada. Nunca fui assaltada, mas já ouvi muitos relatos e conheço pessoas que passaram por isso", falou.

O chefe da Divisão de Inteligência e Operações (Diop) do 1º Batalhão da Polícia Militar tenente Alex Sandro Chaves informou que as seis viaturas existentes no quartel fazem rondas constantes no Mucajá. Ele ressaltou que seria inviável manter um policiamento fixo no conjunto por falta de efetivo de pessoal.
"Todas as viaturas que entram e saem do quartel passam pelo Mucajá. Não tem como mantermos policiais fixos no local porque possuímos demandas de outros bairros", disse o tenente.

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