Primeira obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Amapá, o
Conjunto Habitacional Mucajá foi inaugurado em outubro de 2011.
Localizado na Zona Sul de Macapá,
o empreendimento tem 592 apartamentos divididos em 37 blocos e o
estigma de violento, segundo afirmam os próprios moradores que há dois
anos vivem no local. Eles contam que sofrem preconceito e que até
emprego é difícil de conseguir por causa do endereço.
O residencial, construído para receber famílias de baixa renda, fica ao
lado de um presídio de menores infratores. Grades em portas e janelas
são comuns nos apartamentos do conjunto, que no dia 10 de janeiro de
2014, registrou o mais recente crime. O ajudante de pedreiro Bruno de Oliveira, de 21 anos, e um adolescente de 15 anos foram mortos a tiros
dentro do apartamento onde moravam. O duplo homicídio ocorreu enquanto
as vítimas dormiam. Dois homens armados invadiram a casa para efetuar os
disparos. A polícia não identificou os autores do crime.
A autônoma Anaia Costa, de 32 anos, disse que sofre com o preconceito
provocado pela violência no local. A mulher conta que não consegue se
empregar com carteira assinada desde 2011. Ela atribui ao endereço
Mucajá as vagas de trabalho perdidas. Para ajudar na renda dentro de
casa, ela vende açaí em frente ao bloco onde mora.
"O meu último emprego foi em 2011 e desde quando eu sai, nunca mais
consegui outro. Na tentativa mais recente, estava quase tudo certo para
eu ser contratada, mas quando souberam que eu era do Mucajá, acabei
perdendo o meu emprego", relatou Anaia, que mora com o marido e dois
filhos em um dos apartamentos do conjunto.
O vigilante Fágner Silveira, de 38 anos, disse que viveu situação
semelhante. "Fiquei muito tempo sem emprego. Só consegui esse meu
trabalho atual de vigia porque o dono da empresa sabia que eu não era
uma pessoa ruim", contou.
A síndica do bloco 36 Marilúcia Penha, de 33 anos, classifica a
condição em que os moradores vivem como "caótica". "A insegurança dos
moradores está caótica. Desde quando fomos remanejados reivindicamos um
posto policial para o conjunto para minimizar conflitos e a proliferação
de drogas. (...) A falta de segurança faz as pessoas sentirem vergonha
de dizer que são daqui", afirmou Marilúcia.
Alguns moradores dizem que mudaram a rotina por causa da violência no
local. A estudante Carlene Hage, de 19 anos, disse que optou em não
passar durante a noite pelo Mucajá, antes de apanhar o ônibus em uma
parada em frente ao conjunto.
"Eu não gosto de passar por aqui depois das 18h. Prefiro descer em uma
outra parada. Nunca fui assaltada, mas já ouvi muitos relatos e conheço
pessoas que passaram por isso", falou.
O chefe da Divisão de Inteligência e Operações (Diop) do 1º Batalhão da
Polícia Militar tenente Alex Sandro Chaves informou que as seis
viaturas existentes no quartel fazem rondas constantes no Mucajá. Ele
ressaltou que seria inviável manter um policiamento fixo no conjunto por
falta de efetivo de pessoal.
"Todas as viaturas que entram e saem do quartel passam pelo Mucajá. Não
tem como mantermos policiais fixos no local porque possuímos demandas
de outros bairros", disse o tenente.
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