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sexta-feira, 11 de março de 2011

Dom Pedro José Conti

Há muitos anos um mestre de obras trabalhava para uma firma de construções. Estava perto de se aposentar. Um dia recebeu  ordem para construir uma casa bonita, seguindo o projeto que achasse melhor, no lugar que também mais lhe agradasse e sem limites com os gastos. Logo deu início aos trabalhos. Pensou que podia aproveitar da grande confiança nele depositada. Por isso, decidiu usar materiais de péssima qualidade e trabalhadores incompetentes com salários mais baixos para conter os gastos. Ele ficaria com o dinheiro poupado na obra. Quando a casa ficou pronta, houve uma pequena festa, e o mestre de obras entregou ao presidente da firma a chave da porta principal. O presidente, sorr indo, devolveu-lhe a chave e disse, apertando-lhe a mão: - Querido amigo, esta casa é o nosso presente como sinal de gratidão e estima pelos anos que trabalhou conosco. Assim o mestre ficou com a pior casa que havia construído em toda a sua vida.

Com a página do evangelho deste domingo Jesus conclui o chamado discurso “do monte”. Muitas vezes ele repetiu: “Vós ouvistes o que foi dito” “Eu, porém, vos digo”. Ele tem consciência de que está propondo algo novo, um caminho para entrar no Reino dos céus, uma “justiça”- um agir amoroso - maior do que a dos escribas, dos fariseus, dos cobradores de imposto e dos pagãos. Todos esses ensinamentos devem ser praticados, devem ser vividos pelos seus seguidores. Com isso, Jesus nos lembra que ele não é um simples mestre da sabedoria humana ou um terapeuta para acalmar as nossas ansiedades. Ele quer ser o Senhor da vida dos seus discípulos que, por confiarem tanto na sua palavra, transformam-na em ações, em escolhas, em sentimentos e projetos concretos. Pouco ou nad a vale a teoria, ou chamá-lo de Senhor, se a prática do dia a dia não corresponde às invocações. Ser cristãos não é simplesmente acolher e se empolgar com os pensamentos de Cristo, é procurar viver como ele viveu.

É neste sentido que entendo a parábola da casa construída sobre a rocha e a construída sobre a areia. Infelizmente assistimos a tantos deslizamentos de morros, a tantas vítimas de construções que desabam; ficamos receosos e nos perguntamos se a morada onde habitamos está mesmo segura ou se, por alguma falha no subsolo, por alguns erros de cálculo ou pelo material usado, ela também corre o perigo de desmoronar. Legítimas preocupações que, porém, podem ser resolvidas gastando algum dinheiro com as perícias de técnicos competentes e honestos. “Segurança e tranqüilidade” poderia ser um bom lema para uma construtora de imóveis.

O que dizer da nossa vida? Talvez nos preocupemos mais com a nossa casa, com quanto custou e podemos perder, do que com o sentido que damos ao nosso agir e conviver. Jesus aproveita o exemplo de um bem tão precioso e necessário para as nossas famílias, como a moradia, para nos alertar: perder uma casa é um grande prejuízo, mas perder o sentido da nossa vida, perceber que estamos construindo sobre o vazio, sobre ídolos ocos e modas passageiras é muito pior.

As tempestades da vida são quase as mesmas para todos: fracassos, incompreensões, decepções, doenças, solidão, o tempo que passa inexoravelmente. Confiar em Jesus é organizar a nossa vida segundo os critérios e as propostas dele, sobre uma palavra que nunca perde o valor, nunca passa, é firme como a rocha, fiel como Deus! Cabe a nós decidir em quem confiar: nas areias que as chuvas do tempo carregam ou na palavra de quem nos ama e quer o nosso bem nesta vida e na eternidade?

Voltando à pior casa, que o mestre de obras construiu, penso naquelas pessoas que experimentaram ou experimentam algum grave desastre nas suas vidas. Por exemplo: uma família destruída, um abandono nunca imaginado, um derrame irrecuperável, um acidente horrível, uma doença terminal. É possível recomeçar a construir tudo de novo em nossas vidas, também quando o tempo parece curto e as forças debilitadas? Com Jesus tudo é possível. Afinal todos somos os mestres de obras da nossa vida. Depende de como construímos e do material que usamos. Se acreditarmos será sempre melhor uma humilde casa construída sobre a rocha da palavra dele, do que uma mansão construída sobre a areia das humanas ilusões.

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