A falta de energia elétrica está prejudicando a população,
especialmente os comerciantes, do arquipélago do Bailique, distrito
localizado a 180 quilômetros de Macapá. Eles reclamam que a principal
comunidade da região, a Vila Progresso, está com o fornecimento de
energia irregular há pelo menos um mês. Poucos empresários que têm
geradores movidos a combustível conseguem manter a economia na região,
concentrada ao longo de 8 ilhas e 48 comunidades na foz do rio Amazonas.
A Companhia de Eletricidade do Amapáx (CEA) informou em nota que está
ciente dos problemas de quedas de energia no distrito, e que o grande
período sem luz é devido a falta de combustível nos motores
termelétricos, que foram mantidos para abastecer o distrito em casos de
problemas com a interligação ao SIN.
Sem energia durante todo o dia, vendedores de alimentos,
eletrodomésticos e confecções são obrigados a retomar velhos hábitos
interioranos, como a iluminação através de velas e armazenamento de
alimentos em caixas de isopor. No açougue de José Benedito Lima, de 61
anos, a praticidade da balança eletrônica perdeu para a funcionalidade
da antiga balança de precisão manual. Sem eletricidade, ele foi obrigado
a reutilizar o equipamento que já havia aposentado.
"Quando não tem o dia inteiro, a luz volta somente à noite. Estamos
perdendo matéria prima e deixando de vender porque não tem como guardar.
Deixo de comprar carne por causa disso. Comprei e mandei trazer para o
Bailique quatro freezers e não uso nenhum", lamentou Lima.
Os moradores atribuem a falta de luz à mudança recente da rede elétrica
no distrito para o Linhão de Tucuruí, conectado ao Sistema Interligado
Nacional (SIN). Os cabos foram colocados em postes no nível das árvores
na mata e acabam sendo rompidos com queda de troncos. Antes da ligação, a
energia do Bailique era fornecida através de motores termelétricos, com
uso de combustível.
“Para mim, esse serviço foi muito mal feito, e essa energia não era
para ter vindo para cá desse jeito, em postes, era para ser através de
torres, e, desse jeito, as redes passam por dentro do mato. E os motores
como são modernos, qualquer galho que cai dá problema”, reclamou o
açougueiro.
A geladeira da comerciante Darcirene Vilhena está cada dia mais vazia, e
ela lamenta que não seja por causa das muitas vendas, e sim pela falta
de energia que a impede de guardar alimentos. Produtos congelados com o
risco de estragar estão sendo vendidos com preços bem abaixo da tabela.
“Não temos energia, nem podemos comprar nada porque estraga e fica
difícil para termos a nossa venda. Parei de trazer para cá os frangos
congelados, calabresa, cerveja e refrigerante. Já cheguei a jogar
alimentos fora. Procuramos os responsáveis aqui e ninguém fala nada,
prefiro que seja abastecido com óleo aqui porque nesse tempo não faltava
energia”, sugeriu a comerciante.
Sem luz a população não tem acesso a serviços essenciais, como nas
agências bancárias e Correios, que atendem a Vila Progresso, principal
comunidade do distrito, além do posto de saúde, que tem atendimentos
limitados por causa da inutilização de equipamentos, como os do centro
odontológico.
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