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quinta-feira, 4 de agosto de 2011

População de Oiapoque padece com apenas 2 médicos

ImagemSomente dois médicos estão atendendo cerca de 20 mil habitantes em Oiapoque. Ainda esta semana, dois pacientes precis
aram ser removidos para Macapá devido à dificuldade de tratamento no município. A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) afirma que pretende iniciar a reestruturação das unidades do interior para não concentrar a demanda de atendimentos na capital.

Arleson Pinheiro de Abreu, 19 anos, sofria desde o dia 28 de julho de dores no apêndice. A família tentou transportar o doente, mas os custos com fretamento de veículos eram muito altos, e a estrada não oferecia condições para que Arleson pudesse ser levado com segurança. Por conta do estágio avançado da doença, a família pediu a Sesa, a remoção imediata do jovem para a capital. Após três dias sem respostas, a namorada do jovem resolveu denunciar a omissão do Estado em uma emissora de rádio local. Com a repercussão do caso, a diretora da Unidade de Saúde veio a Macapá agilizar a transferência de Arleson para o Hospital de Emergências, na terça-feira.

Segundo Lana Patrícia de Matos dos Santos, a Unidade de Saúde do município dispõe de uma sala de observação, com três leitos, e outra para casos de emergência, com apenas um leito. No dia da internação de Arleson, outro paciente padecia da mesma enfermidade e duas grávidas estavam em trabalho de parto. Dois dias depois, o segundo paciente com apendicite foi transportado para Macapá em uma UTI aérea, fretada a R$ 146 mil para o governo do Estado. No início desta semana, Oiapoque possuía três médicos, agora são apenas dois. Mesmo com o salário superior a R$ 10 mil por mês, um dos três médicos desistiu do emprego pela dificuldade de estrutura para trabalhar.

Esta não é a primeira vez que os oiapoquenses penam com a falta de assistência médica. Em 2010, o presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM), Dorimar Barbosa, encaminhou um documento a Sesa pedindo solução para o caso. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que para cada grupo de 1 mil habitantes exista um médico para atender os pacientes. Nesse caso, Oiapoque precisaria de mais dezessete especialistas.

O caos na Saúde estadual tem se instalado desde o primeiro semestre do ano, e as autoridades tem feito vista grossa para tratar o assunto. Dentre alguns fatores, a não renovação dos contratos com fornecedores e prestadores de serviço, e a demora em fechar processos licitatórios teriam emperrado a aquisição de medicamentos e materiais cirúrgicos. O secretário de saúde, Edilson Pereira, justifica que a situação de instabilidade foi provocada pela redução de 40% no orçamento da secretaria para este ano.
 
Secretário critica prefeituras municipais
A precariedade no atendimento da população de Oiapoque provocou atenção da imprensa durante esta quarta (3). Em entrevista a uma emissora de TV, o secretário estadual de saúde Edilson Pereira, reconheceu as limitações da estrutura do Estado e criticou a atuação das prefeituras municipais sobre a falta de atendimentos básicos de saúde. Ele disse ainda que o governo tem contraído despesas altas para transportar pacientes do extremo norte do Estado para a capital.

Segundo o secretário, a Unidade de Saúde do município estaria funcionando em uma estrutura provisória e que, ao término da reforma, haverá o local terá ampliada a oferta de leitos e os serviços de média e alta complexidade. Edilson Pereira atribuiu a sobrecarga na saúde pública à dificuldade de gestão dos poderes municipais. “A maior procura da população diz respeito a assistência básica, que não é de competência do Estado. Se os municípios fizessem a sua parte, o atendimento dos hospitais não estaria sobrecarregado”, afirmou o secretário Edilson Pereira.

Quanto ao número insuficiente de médicos para tratar os pacientes da região, o secretário disse que a proposta salarial não é suficiente para manter os profissionais na cidade. “O afastamento da capital, a distância da família e a falta de recursos para trabalhar são os principais motivos que levam os médicos a desistirem do emprego. O Estado tem consciência disso e nós pretendemos sanar as deficiências e para criar oportunidades de trabalho”, justificou.

A distância entre a capital e o município é de 550 km. O que representa cerca de 1h40 min de vôo, e aproximadamente 12 horas de viagem por terra, quando a estrada está em condições de ser trafegada. O deslocamento dos pacientes provocado pelo isolamento da cidade têm sido colocados pela Secretaria de Saúde como uma despesa onerosa para a SESA. Para transportar dois pacientes nesta semana, o órgão aplicou mais de R$100 mil reais no fretamento de uma UTI móvel.

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