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quarta-feira, 27 de abril de 2011

Estrada precária: viagem ao Jari se torna tormento de até 11 horas

Imagem O ramal que dá acesso ao município, entre o município e o início da BR-156, é o pior trecho da viagem. Por diversas vezes os passageiros de ônibus têm que descer e esperar que as máquinas tornem a via transitável. A população do Vale do Jari cobra do Governo do Estado, deputados e senadores que conseguiram se eleger com os votos de Vitória e Laranjal, mais empenho na pavimentação da rodovia, cujos recursos já estão assegurados no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
No entanto, as obras só poderão avançar depois da liberação do licenciamento ambiental para os serviços no trecho do projeto original da BR-156, que corta a Reserva Extrativista do Rio Cajari. A discussão para liberação da licença é com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente.
De acordo com técnicos da Secretaria de Transportes do Governo do Estado (Setrap), o traçado original do trecho que faz parte do macro projeto de pavimentação da parte sul da BR-156, que vai do km 21 até o município de Laranjal do Jari, é de pouco mais de 40 km, praticamente em linha reta. É nesse trecho que o governo quer trabalhar até porque significa uma economia de aproximadamente 20 km em relação ao ramal existente, de cerca de 60 km, que passa por dentro da reserva e que, devido às suas péssimas condições, vem contribuindo para retardar o crescimento do Vale do Jari, com uma população de mais de 60 mil habitantes.

Economia
A própria reserva, que tem uma área de 501.771 hectares e foi criada para assegurar o uso sustentável dos recursos naturais e a permanência das comunidades tradicionais, está sendo prejudicada pela falta de uma estrada em condições de escoar a produção dos extrativistas e agricultores, que vivem da coleta e beneficiamento da castanha-do-Brasil, da extração do palmito e do açaí, além da pesca e do manejo do camarão.
O trecho do projeto original de pavimentação da BR-156, que corta a Reserva Extrativista do Rio Cajari, foi delimitado na década de 80. Porém, os serviços de terraplenagem não foram concluídos. Já o chamado ramal foi aberto aleatoriamente dentro da mata, possuindo muitos trechos alagados, curvas perigosas e pontos bastante castigados pela ação do tempo e tráfego de veículos pesados, que têm muitas dificuldades para chegar com segurança em Laranjal do Jari.
Desperdício
O desperdício do dinheiro público na manutenção do chamado Ramal do Cajari é patente. É fácil observar que a estrada continua praticamente a mesma de anos atrás devido à impossibilidade de se realizar um trabalho maior, inclusive com o desmatamento das laterais para que a largura passe de 10 metros para 80 metros e, assim, o trecho tenha acostamento e permita um tráfego mais seguro. Por outro lado, o trecho original já está todo delimitado, podendo ser trabalhado em pouco tempo para receber a terraplenagem e a pavimentação, sem que, com isso, ocorram grandes danos à Reserva, até porque a mata que se formou ao longo dos anos praticamente não possui espécies protegidas pela legislação ambiental. Também vale ressaltar que a nova estrada não representará nenhum perigo para a reserva em termos de invasão, uma vez que se trata de uma área protegida pelo ICMBio, que pode exercer o seu poder de polícia ambiental para proteger aquela unidade de conservação federal.
O governo do Estado trabalha para que o ICMBio libere as obras no  trecho que corta a Reserva Extrativista do Rio Cajari até o final do inverno, para que o projeto de pavimentação da BR-156 receba a devida atenção financeira do governo federal, através do PAC, e as obras sejam reiniciadas ainda no verão deste ano. Nesse contexto, a participação da bancada federal é de fundamental importância, para assegurar que os recursos não sejam contingenciados, como vem acontecendo nos últimos anos, e para que os órgãos ambientais dêem a devida atenção que o projeto merece, a fim de possibilitar o desenvolvimento sócio-econômico do Vale do Jari, integrando essa região ao eixo rodoviário Amapá-Guiana Francesa, que será consolidado com a construção da ponte binacional.

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