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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Um ano após o crime, acusado ainda não foi julgado

O processo caminha lentamente na Justiça. O réu confesso, mesmo expulso da Polícia Militar, está preso no quartel da corporação.
No domingo (4), o Corinthians sagrou-se campeão brasileiro de 2011. Uma conquista comemorada por milhares de torcedores por todo o Brasil. Enquanto muitos festejavam, uma família macapaense chorava a perda de alguém que poderia também estar comemorando o título do clube paulista. Na última segunda-feira (5), completou-se um ano que o servidor público João Emerson Pinto Gemaque foi assassinado por causa de uma de suas grandes paixões, além da família: o Corinthians.
O crime ficou conhecido em Macapá como "execução na orla", em razão do local do crime. Gemaque foi executado aos 37 anos, com dois tiros, quando festejava justamente outro bom resultado de seu time do coração no Campeonato Brasileiro. O acusado, José Renildo Carvalho da Costa, torcedor fanático do Fluminense - campeão daquele ano -, na época era tenente da Polícia Militar (PM). Um ano depois, ele está preso. Porém, mesmo já tendo sido expulso da corporação, continua preso no quartel, por força de uma liminar, o que causa a indignação dos parentes da vítima.
"Sinto muito a falta dele. Meu filho perguntou no dia do aniversário pelo pai (o garoto completou três anos na última semana), e eu tive que dizer pra ele que o Emerson não viria, mas estaria presente em espírito. É uma dor que não vai sarar, eu amava e ainda o amo muito", chora Rose Daiane, viúva de Gemaque. Ela contou que tem sido muito complicado conviver com a ausência do marido. Após o crime, teve que mudar da casa onde viveu 10 anos casada com a vítima, pois as lembranças só agravavam a situação. Rose e os quatro filhos do casal vivem hoje com a renda da pensão deixada com a morte de Gemaque, que era funcionário da Companhia de Água e Esgoto do Amapá (Caesa).
"Foi um ano difícil para toda a família. Tivemos uma luta muito grande, mas ainda não terminou. Minha mãe chora todos os dias. Meus sobrinhos sofrem com a ausência do pai. A época mais complicada é quando tem uma festa, como a de fim de ano. Quando o Corinthians ganhou no domingo, foi muito difícil, porque a gente lembrou dele", lamentou Nilce Gemaque, irmã.
A liminar que permite a Reinildo estar protegido no quartel da PM foi concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A ordem judicial impede que ele seja transferido para o Instituto de Administração Penitenciária (Iapen), onde deveria aguardar pelo julgamento. Segundo os advogados de Reinildo, ele poderia correr risco de morte dentro da cadeia comum. O processo caminha lento no judiciário e a previsão para o julgamento ficou só para 2012, sem data definida.

A execução
O crime aconteceu por volta das 20h do dia 5 de dezembro de 2010, na Orla do Santa Inês, zona Sul de Macapá. Era domingo. Milhares de torcedores de Corinthians e Fluminense foram às ruas para comemorar o resultados de seus times, o clube paulista com a classificação para a Taça Libertadores, e o carioca como campeão daquele ano.
Segundo relatos de testemunhas, o então tenente Renildo - militar há 24 anos - estava com a esposa e os filhos em seu carro, quando decidiu agredir torcedores rivais. Tricolor fanático, ele saltou do veículo, já empunhando uma pistola .40, de propriedade da PM. Os corintianos, entre os quais estava Gemaque, foram agredidos a chutes e coronhadas.
A denúncia do Ministério Público aponta que vítima tentou conter o policial, mas como não conseguiu, saiu correndo. Foi nesse momento que o então tenente disparou e o acertou pelas costas. Gemaque caiu. Reinildo se aproximou e disparou, à queima roupa, no rosto da vítima. Gemaque morreu a caminho do Hospital de Emergências. Reinildo fugiu no carro dirigido pela esposa.
Na época do crime, a Gazeta fez uma ampla cobertura do caso. Em 11 de dezembro de 2010, com exclusividade, o jornal publicou pela primeira vez uma imagem reveladora, que mostra o acusado partindo para cometer o crime. Gemaque aparece na foto, logo atrás da mala do carro de Reinildo. É fácil perceber que ele, e outros corintianos, apenas comemoravam.

A Gazeta

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