Não é só a população do Pará que está dividida sobre o plebiscito que será votado dia 11 de dezembro para desmembrar o segundo maior Estado do Brasil em extensão territorial (1.247.950,003 Km²), em três partes. No Amapá, os paraenses que vivem aqui também têm opiniões contrárias sobre o tema. De acordo com o Censo 2010, 31,5% da população amapaense não é genuína. Em 2000, a porcentagem de paraenses no Amapá era de 24,1%.
A professora aposentada Maria Lins, 63, que mora no Amapá desde os cinco anos de idade, disse que é a favor da divisão do Pará por entender que vai melhorar a qualidade de vida da população com a descentralização do governo estadual. Mas confessa: “Não gostaria que o meu Pará fosse divido. Mas se isso vai melhorar a vida da população, eu sou a favor”. Morando no Amapá há 15 anos, a vendedora Pâmela Rayanne Barbosa, 21, acha que a divisão do estado paraense vai deixar os moradores deslocados. “Não sei onde a minha cidade vai ficar com essa divisão. Todo mundo vai ficar perdido”, indaga Pâmela, natural de Almeirim.
Natural de Belém, Júnior Barros, 49, que vive em trânsito no Amapá e Pará considera que esse desmembramento vai empobrecer o seu Estado. Para ele, se ocorrer a fragmentação, a região de Carajás vai enriquecer mais ainda por causa da exploração mineral, principal atividade econômica do Pará. Tapajós ficará numa situação estável em função do extrativismo vegetal e mineral. E o Pará não terá tantos incentivos para desenvolver sua economia, segundo Barros.
O chefe da Unidade Estadual do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística do Amapá (IBGE/AP), Haroldo Canto Ferreira, 53, - que é natural de Óbidos/PA – defende que a única perspectiva de mudança do Pará é desmembrando do Estado. Para ele, uma área com grande extensão territorial, impede que municípios distantes da capital sejam contemplados com as políticas públicas do executivo estadual. “Além disso, é um transtorno para os agentes censitários realizarem suas atividades, por causa da dificuldade com deslocamento. Tínhamos que dividir as regiões em sub-áreas”, reclama Canto, que foi chefe da Agência do IBGE por 14 anos em Santarém.
Ele se lembra de vários municípios que tiveram melhora nos serviços assistenciais básicos, depois de serem desmembrados, como Belterra, Placas, Rurópolis, entre outros. “Havia área, onde a energia elétrica era racionada. Só tinha luz de 06h às 22h. Com a fragmentação essas regiões passaram a ter energia 24h e outros benefícios que não tinham antes”, recorda Haroldo a respeito de Itaituba, divido em quatro: Trairão, Jacareacanga e Nova Progresso. Ele avalia que, com a fragmentação, o Estado do Pará terá menos problemas para administrar.
Novo Pará, Tapajós e Carajás
Caso seja concretizada a divisão do território paraense, o estado de Carajás, localizado na porção sudeste, terá 285.000 Km², cuja capital será a cidade de Marabá. A população dessa região é de aproximadamente 1,3 milhão de habitantes. Essa região apresenta grande riqueza mineral (minério de ferro), além do desenvolvimento da pecuária.
O estado de Tapajós, por sua vez, terá 722.000 Km², sendo, portanto, o mais extenso. Apesar de compreender a maior área do Pará, essa região é a menos populosa: cerca de 1 milhão de habitantes. Sua capital será a cidade de Santarém. Essa região apresenta pouco desenvolvimento econômico, composta por grandes áreas preservadas e muitos rios. Restariam cerca de 240.689 Km² para o estado do Pará, sua população seria reduzida para aproximadamente 5,2 milhões de habitantes.
Plebiscito
Como todas as outras eleições, o voto, no Plebiscito, será obrigatório. Só pode votar quem tem domicílio eleitoral no Estado do Pará. O eleitor que não se encontrar em seu domicílio, deverá justificar. Se não o fizer, o eleitor não estará quite com a Justiça Eleitoral, o que o impedirá de realizar alguns atos da vida civil como, por exemplo, retirar passaporte e assumir concurso público. O eleitor que deixar de votar por três vezes consecutivas, sem justificar, terá seu título cancelado.
Segundo o Tribunal Regional Eleitoral do Pará (TRE/PA), em torno de 6,7 mil homens farão a segurança do plebiscito. Destes, 5.500 são do efetivo da Polícia Militar, que estará presente em todos os 143 municípios do Estado. Já as tropas federais vão reforçar a segurança de 16 municípios e também oferecer apoio logístico para o evento por meio, por exemplo, do transporte de urnas para regiões afastadas e com o auxílio de helicópteros e barcos. Neste caso, será utilizada parte do contingente das Forças Armadas que já atuam no Estado.(Maiara Pires/aGazeta)
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