De acordo com o Coordenador de Vigilância Epidemiológica, não existe relação de resistência bacteriana nos relatórios clínicos dos pacientes que vieram a óbito.
Amigos e pacientes foram despedir-se na tarde de ontem (5), do corpo do médico e jornalista Leonai Garcia, sepultado no cemitério Nossa Senhora da Conceição, no Centro de Macapá. Ele teve complicações no quadro clínico e foi internado por mais de um mês na UTI do Hospital Guadalupe, em Belém (PA). Leonai teria sido a terceira vítima de infecção de uma possível superbactéria.
Embora existam indícios da presença do microorganismo em ambiente hospitalar, a Coordenadoria de Vigilância em Saúde do Estado (CVS) descarta a possibilidade de as mortes estarem relacionadas com a incidência de uma superbactéria.
Leonai teria se sentido mal no dia 31 de outubro e chegou a informar em seu blog na internet que suspeitava de ter contraído dengue. Realizou alguns exames no Hospital São Camilo, dentre os quais não conseguiram atestar, em primeiro momento, um diagnóstico preciso dos sintomas apresentados pelo médico e jornalista. Leonai decidiu então buscar tratamento em outro Estado, e foi hospitalizado no dia 10 de novembro em Belém.
O quadro clínico se agravou e ele precisou ser internado na UTI do hospital. Nas últimas semanas, Leonai havia saído do estado de coma e recuperava-se sem o auxílio de aparelhos. Os resultados médicos confirmaram que ele foi infectado pela bactéria estafilococos, que atingiu o pulmão e culminou na interrupção de suas funções vitais, levando-o a falência múltipla dos órgãos.
Após a divulgação dos três supostos casos de infecção por superbactéria, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesa), por meio da CVS, deslocou o coordenador estadual da divisão de epidemiologia, Patrício Almeida, a prestar esclarecimentos públicos sobre o assunto.
“Observamos que não houve mudança de perfil de resistência bacteriana em relação às amostras encaminhadas ao Laboratório Central (Lacen). Nós podemos afirmar que não ocorreu a presença de gêneros de bactérias multirresistente, em especial a KPC. Temos essa certeza do ponto de vista laboratorial”, destacou o coordenador, sem apontar quais foram os aspectos assinalados para se chegar a este prognóstico.
Dois pacientes diagnosticados com a KPC em novembro de 2010, um de 80 anos e outro de 60 – ambos internados na UTI do Hospital São Camilo – também apresentavam os mesmos sintomas das pessoas que faleceram nesta semana. As vítimas de infeção bacteriana foram confirmadas pela então Coordenadoria da CVS. Mas, sobre as informações divulgadas em 2010, Patrício Almeida foi enfático: “as análises laboratoriais não nos permitem afirmar que os casos do ano passado podem ter se tratado da KPC”.
Ele disse que o processo de investigação dos motivos das mortes ainda está em curso, portanto, não é possível fazer um julgamento precipitado dos casos. Sobretudo, quando os laudos forem liberados, eles serão restritos às famílias dos pacientes. “Caso haja alguma informação importante do ponto de vista de saúde pública, o primeiro órgão a informar será a CVS”, destacou Patrício.
Sesa tenta tranquilizar, mas bombeiros se precaveram
Durante o enterro, militares do Corpo de Bombeiros que fizeram o transporte do corpo de Leonai foram orientados pelo setor de Saúde do Comando a utilizar luvas cirúrgicas e máscaras descartáveis para manipular o cadáver. Segundo o sargento Célio Luiz Pinheiro, os procedimentos foram os mesmos adotados durante o sepultamento da secretária de Comunicação, Jacinta Carvalho, no último domingo (4).
Embora a Secretaria de Saúde tente dirimir dúvidas quanto a uma suposta infecção, é notório que os órgãos estaduais – a exemplo dos bombeiros – continuam receosos quanto os riscos de contrair o microorganismo. Alguns gestores propuseram a mudança na rotina dos funcionários e a adoção do uso de máscaras para repelir as possibilidades de infecção. A atitude, segundo o coordenador de vigilância epidemiológica, é desnecessária, visto que não existem razões concretas para justifiquem estas atitudes. (Stefanny Marques/aGazeta)
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