Abrigados na Casa do Índio (Casai) no bairro Alvorada, na Zona Oeste de Macapá,
relataram nesta sexta-feira (5) a falta de remédios e superlotação no
prédio que atende aos indígenas que buscam na capital amapaense
atendimentos sociais. As informações foram repassadas à Comissão de
Direitos Humanos (CDH) do Senado Federal que visitou as instalações do
prédio. A proposta é formular um relatório para ser encaminhado ao
Ministério Público Federal (MPF) no Amapá.
Um dos índios atendidos é o cacique Damasceno Karipuna, de 42 anos. Ele
está desde abril na Casa do Índio, quando saiu da aldeia Açaizal, em Oiapoque,
a 590 quilômetros de Macapá. O líder procurou a capital amapaense para
buscar atendimento médico para a filha de 7 anos, diagnosticada com
epilepsia, mas, segundo ele, não consegue marcar consulta e nem obter a
medicação para a criança.
"Estou aqui há muito tempo e não consigo terminar o que vim fazer. É
difícil marcar consulta, a gente tem que comprar a medicação e ainda
vive em um ambiente lotado de pessoas que também procuram atendimento na
cidade", contou o cacique, ao lado da filha, sentada em uma cadeira de
rodas na Casai.
O relato do líder indígena comprova as denúncias que chegaram à CDH do
Senado em uma audiência pública feita em abril. As irregularidades foram
levadas por funcionários e índios da Casai de Macapá.
O vice-presidente da CDH, senador João Capiberibe (PSB), informou que
as primeiras visitas à Casai tiveram constatação de parte das denúncias
apresentadas na audiência pública. A proposta é acionar o MPF para que
sejam feitas recomendações de melhoria à Casa do Índio.
"Tivemos que verificar se as denúncias são procedentes. Em princípio,
em relação às medicações, por exemplo, não tivemos nem acesso à farmácia
porque ela estava trancada", disse Capiberibe.
A Casai informou que a farmácia tem um controle de uso das medicações e
que atualmente oferece todos os remédios necessários para atender aos
índios abrigados na casa de apoio. A direção do órgão admitiu que a
principal dificuldade é utilizar os serviços oferecidos em unidades de
saúde conveniadas com o Sistema Único de Saúde (SUS).
"Temos dificuldades, mas o principal problema é conseguir marcar
consultas pela rede do SUS com a espera de meses para atender ao índio.
Às vezes temos até que acionar o MPF", disse a diretora da Casai, Ana
Maria Quaresma.
A Casa do Índio ainda afirmou que a superlotação do espaço é
considerada um problema rotativo por causa do fluxo de indígenas entre o
interior e a capital amapaense. O espaço está acima da capacidade,
fixada em pouco mais de cem abrigados.
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